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Atualizado: 4 de jun. de 2024



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Considerando nosso cotidiano frenético, em que diversas demandas de várias

ordens tomam o tempo de nossos dias a ponto de não nos darmos conta do quão

acelerados estamos, penso que a fruição artística pode ser um momento em que nos

damos de presente um espaço para nossa criatividade. O teatro pode ser, também, um momento em que recebemos um enunciado, por meio do trabalho realizado pelas

artistas, e, a partir do que nos atravessa, colocarmos nossos corpos à disposição de

decodifica-lo à nossa maneira. É comum ouvirmos depoimentos de espectadoras/es

dizendo que “viajaram” ao assistir uma peça de teatro, ou que compreenderam coisas

relativas a assuntos que não estão sendo diretamente representadas na cena, mas

que, indiretamente, pode nos arrematar para outros espaços – virtuais ou imaginativos, outros lugares, outros acontecimentos.

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Isso se dá porque, de alguma forma, são feitas conexões entre o que se percebe durante a fruição e a bagagem de percepções que podemos ter armazenadas

em nossas memórias, lembranças e afetos e que também constituem a materialidade

de nossos corpos. Nesse sentido, um palhaço representando uma fera em cena pode nos transportar para variadas viagens inventivas ou mesmo para lembranças

profundas que despertam nossa sensibilidade. O terceiro Programa de Mediação aconteceu na Secretaria Municipal de Cultura no dia 27 de outubro de 2023. Os encontros de pré-fruição e pós-fruição aconteceram no mesmo dia e tiveram a apresentação do espetáculo O Feliz, do grupo Detalhe teatro, como meio propulsor de caminhos perceptivos e inventivos. No encontro de pré-fruição foram realizadas proposições que tiveram como inspiração o trabalho de sensibilização e sociabilização da comédia, na tentativa de alcançar o espírito da palhaçaria que é a linguagem teatral que permeia o espetáculo.


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O Programa de Mediação teve a participação de um grupo de alunas e de duas professoras do curso noturno de Magistério do Colégio Pedro II. A pós fruição aconteceu de modo espontâneo logo após a apresentação da peça. Como o ator envolveu a plateia durante a apresentação, convidando algumas pessoas para entrarem em cena e o auxiliarem, aproveitando os comentários e risadas da plateia e os incluindo em sua performance, parte do público já se posicionou para uma conversa pós-espetáculo, compartilhando suas leituras sobre o que assistiram, confidenciando memórias e sensações a partir de determinadas cenas da peça e, assim, desdobou-se uma longa conversa afetiva e recheada de discussões sobre o binômio teatro-

educação, já que a plateia era, grande parte dela, composta por docentes.


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Retomo a questão do tempo, iniciada neste texto, para refletir sobre a

importância de se fruir arte, principalmente, enquanto profissionais da área da

educação, e isso quer dizer que são pessoas que precisam estar disponíveis para

inúmeras demandas relativas não só a educação e sua burocracia do fazer, mas

também, inúmeras demandas relativas a formação de pessoas, demandas

educacionais, humanas e, também, artísticas, já que, enquanto seres vivos e vivas,

carregamos, em cada uma e um de nós, o potencial da criação. Esse potencial pode

fazer muitas diferenças. É nesse potencial que a proposição Articulando a Plateia de

Teatro acredita e se movimenta para fazê-lo florescer dentro de cada aluna/o,

professora/or, e demais pessoas que possam ser alcançadas com suas proposições e

projetos.

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Podemos dizer que criar é o cerne do ato de assistir a uma peça de teatro. O ato de ler uma obra artística, segundo Paul Zumnthor, é um ato performativo. Em seu

livro Performance, recepção e leitura (2007), o autor nos chama atenção para o fato de haver a presença de dois corpos, o da pessoa que cria a obra e o da pessoa que recebe a obra, a receptora.


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“O elemento da observação, marcado pela presença física de ambas, intensifica o caráter performancial” (Vidor, 2016, p. 114).
Ou seja, o encontro entre artista e plateia cria laços ritualísticos que extrapolam o espaço do acontecimento teatral. A espectadora/or entra em sua “viagem” ao assistir à peça e pode sofrer transformações em sua psiché. A partir delas, pode perceber a vida e o mundo através de uma outra perspectiva.

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O caráter performancial passa, também, pela reunião de vários corpos e pelas percepções que esses corpos trocam entre si e que, nem sempre se expressam através de palavras, e sim, de sons do corpo como suspiro, susto, risada, choro, etc. Esses elementos celebram o acontecimento do encontro e o teatro é pautado por esse acontecimento, ele precisa da reunião de corpos para se materializar no tempo/espaço. São esses encontros que, a meu ver, podem nos fazer desacelerar e jogar com a nossa potencialidade criativa.


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Espetáculo:  O Feliz

Grupo: Detalhe Teatro

Sinopse: Sinopse:  Feliz virá realizar o seu show. Nada pode dar errado. Feliz intitula-se “espírito livre” e tem tudo sob controle. Assim esperamos. Vai começar. Todos a

postos. Jean dá início à apresentação do jeito que combinaram, mas…

Mais informações sobre o espetáculo clique aqui

Registro Fotográfico:  Sabrina Marthendal



Atualizado: 10 de jan. de 2024


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O segundo Programa de Mediação, aconteceu exclusivamente com as docentes do Centro de Educação Infantil Emília Piske, na sede do CEI, no bairro Fortaleza, em três encontros: o primeiro, no dia 25/09, das 18h às 20h30; o segundo na apresentação, dia 30/09, em que familiares e crianças também puderam participar da fruição do espetáculo; e o terceiro e último encontro estava agendado para o dia 06/10/23, das 18h às 20h30, mas devido a enchente foi adiado para o dia 24/10/23.


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A peça mediada na programação da TBT - Temporada Blumenauense de Teatro, foi o espetáculo Reconto de Fadas, do Grupo de Teatro Remanescentes. Uma peça em que as artistas utilizam-se da técnica de improvisação e ´constroem a dramaturgia de modo coletivo com a participação das espectadoras(es).



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O espetáculo é voltado para para crianças, que além de participarem da construção dramatúrgica, colaboram na representação das cenas. Porém, as pessoas adultas também acabam se envolvendo na apresentação, o que torna o espetáculo uma grande criação coletiva com as/os espectadoras(es).



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O grupo conduz tudo com muita propriedade e estimula a participação do público de maneira bastante envolvente, crianças que segundo as/os professoras/es são tidas como tímidas acabaram participando da encenação. A apresentação aconteceu em um sábado, em que o CEI estava realizando atividades abertas

à comunidade escolar, assim, além das professoras/es que estavam participando do Programa de Mediação, crianças e pais apreciaram a peça.


O dia da apresentação foi um momento muito rico para pensar nossas ações de mediação em relação a escola. Muitas vezes, as ações são destinadas apenas para as/os estudantes, dentro do horário de aula, mas engajar-se em eventos que acontecem fora deste período me pareceu um caminho fértil para envolver o teatro e a rede que a comunidade escolar cria, e despertar este interesse espontâneo das/os espectadoras/es pela fruição.


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Ter o grupo fechado de professoras/es para realizar a mediação e contar com a participação espontânea das pessoas na apresentação, me possibilitou refletir sobre como precisamos movimentar ações que também desloquem a experiência estética do horário de aula e descolem está experiência da escola. A obrigatoriedade de ver o espetáculo muitas vezes pode afetar a recepção, deixando as/os espectadoras/res menos disponível para a fruição. O fato de ver teatro, apenas na escola, no horário de aula, pode vincular esta ação a uma atividade exclusivamente escolar, ou seja, a relação com arte teatral acaba quando a pessoa desliga-se da escola. Ter a família participando do evento com as crianças, propiciou que as docentes participantes do projeto para além das suas leituras do espetáculo, percebessem o quanto o evento teatral pode tecer momentos de muita conexão entre as pessoas participantes.


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Muitas das questões experienciadas da mediação que antecedeu a apresentação puderam colaborar para esta percepção, pois aquele público já era conhecido pelas/os docentes, mas estavam envolvidos em uma nova configuração, em novo acontecimento. As/Os professoras/es também estavam trabalhando fora da rotina, o que me parece ir ao encontro do que a arte se propõe. Com isso, não quero negar os trabalhos artísticos que realizamos nas escolas, dentro da jornada oficial, mas chamar a atenção para a importância de promovermos de maneira concomitante e continua eventos extras, a fim de estimular a aproximação com a arte teatral de modo espontâneo.


Em eventos como este podemos identificar também os diferentes vetores que operam a mediação artístico-cultural de uma determinada comunidade. A dinâmica desses vetores compõem a relação de cada pessoa com a arte teatral. Assim, para além do projeto que propõe um Programa de Mediação com as/os docentes, podemos compreender a família, a escola enquanto instituição, as/os próprias professora/es, as artistas do espetáculo, a produção, como vetores nos processos de mediação.


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São a partir das microações destes vetores que a nossa relação com a arte teatral se constitui. Quando o contexto sociocultural não propicia políticas públicas que deem condições para a produção e difusão das ações artísticas; quando a gestão escolar não incentiva o convívio com a arte; quando as/os professores/os desqualificarem as experiências estéticas; quando a família não tem acesso aos bens culturais; isso implica na constituição das percepções das/os espectadoras/es em relação ao espetáculo e frente ao mundo.


Desta maneira, considero o Programa de Mediação 2, em parceria com o CEI Emília Piske, uma das melhores estruturas de Programa experimentado nesta pesquisa. Para saber sobre as bases conceituais das práticas de medição realizadas com o grupo de docentes, acesse o texto introdutório da pesquisa em: https://www.articulandoplateiadeteatro.com/feed-de-posts.




Espetáculo:  “Reconto de Fadas”

Grupo: Grupo de Teatro Remanescentes

Sinopse: Uma vez sete anões que moravam na lua. Certa vez, uma menina com asas chegou e...Espera aí, na lua? A história dos sete anões é na lua? E Porque Não Pode Ser? E se a história da Chapeuzinho Vermelho não aconteceu na floresta? E se as casas dos três porquinhos não fossem de palha, madeira e tijolos? No espetáculo Conto De Fadas, as crianças e os atores brincam de recontar as histórias clássicas de um jeito muito diferente e divertido. Através da improvisação, os atores mexem com a estrutura das histórias, estimulando a criatividade das crianças e dando uma nova cara a esses clássicos conhecidos.

Mais informações sobre o espetáculo clique aqui

Registro Fotográfico:  Sabrina Marthendal



  • Foto do escritor: plateiadeteatro
    plateiadeteatro
  • 28 de out. de 2023

Atualizado: 10 de jun. de 2024


Últimas oportunidades para participar do projeto Espectadoras(es)- Docentes: tateando espaços de fruição, que consiste em Programas de Mediação Teatral, voltados para professoras/es de qualquer área do ensino, que têm interesse em fazer uma pequena imersão teatral. O foco é aproximar e expandir as possibilidades da relação com as artes da cena, assim como, estimular sua disponibilidade para jogo da criação teatral.  Uma oportunidade de redescobrir sua/seu artista espectadora/or, seu corpo criador!


Saiba mais sobre o proposta nos links de inscrição abaixo.


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Para inscrever-se no Programa de Mediação do Espetáculo Alguns Corpos clique aqui


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