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Programa de Mediação 1 - Espetáculo O OUTRO LADO DA PONTE, Grupo Detalhe Teatro

Atualizado: 9 de jan.


A primeira peça da programação da TBT - Temporada Blumenauense de Teatro, foi o espetáculo “O outro lado da Ponto”, do grupo Detalhe Teatro. A carga horária de 6h de mediação foi distribuída nos dias 28 e 29 de setembro, das 18h às 21h30, incluindo a fruição do espetáculo, com duração de 40min.


O primeiro encontro foram 3h30mim dedicados a conversas sobre as relações com o teatro, nossa atuação enquanto espectadoras/es, dinâmicas práticas para sensibilizar o corpo, explorar os sentidos e estimular a imaginação criadora. No segundo encontro, a mediação começou 1h30min antes do espetáculo e se estendeu- 1h após a fruição com um bate-papo.


 Os dispositivos dos encontros antes da fruição foram criados a partir das imagens, sinopse e breves relatos dos artistas do  grupo. Por tratar-se de uma contação de histórias, as dinâmicas propostas antes da apreciação buscaram evidenciar as narrativas contadas pelas espectadoras(es)-docentes, dando luz as imbricações entre arte e vida. As narrativas compartilhadas foram incitadas a partir de dinâmicas que exploraram as memórias pessoais das espectadoras/es-docentes, assim como, abriu-se espaços para a criação de histórias em grupos.


Imagens estáticas foram criadas a partir das historias inventadas coletivamente e a contemplação e a leitura do que era percebido por cada pessoa que observava as imagens criadas ganhou notoriedade. Ao expor nossas percepções a pluralidade de sensações, percepções, memórias ganhou o protagonismo da "cena".


O primeiro encontro nos permitiu um tempo dilatado para o diálogo, um café -conversa em que cada docente pode se reconectar com suas relações com o teatro durante a vida, compartilhar e elaborar coletivamente o quanto estas relações afetaram a sua/seu espectadora/or e



docente de hoje. Como professoras(es) que somos, a área da educação atravessou a conversa e discutimos os desdobramentos da arte na educação.

Dentre tantos temas e compartilhamentos das nossas trocas, escolho partilhar neste texto um assunto que acabou

permeando os outros diálogos dos Programas de Mediação Teatral deste projeto, que é justamente este binômio arte-educação. A partir da minha experiência como artista e professora de teatro em espaço não formal (Carona Escola de Teatro), pude elaborar com as/os docentes da educação formal o quanto a arte torna-se didática na educação. Temos uma única disciplina que explicitamente deveria explorar a subjetividade, a poesia, o sublime, mas ela precisa ser objetivada, instrumentalizada para existir na educação. Precisa ensinar um conteúdo, passar uma mensagem, ter uma lição moral. A arte na educação geralmente é usada como meio, não como fim. Contudo, vale lembrar que

"A experiência teatral desafia o espectador a, deparando-se com a linguagem própria a esta arte, elaborar os diversos signos presentes em uma encenação. Esse mergulho no jogo da linguagem teatral, provoca o espectador a perceber, decodificar e interpretar de maneira pessoal os variados signos que compõem o discurso cênico. O mergulho na corrente viva da linguagem acende também a vontade de lançar um olhar interpretativo para a vida, exercitando a capacidade de compreendê-la de maneira própria. Podemos conceber, assim, que a tomada de consciência se efetiva como leitura de mundo."
(DESGRANGES, 2006, p. 23)

Porém, esta instrumentalização da arte acaba acontecendo em grande parte da arte teatral produzida dentro das escolas - principalmente quando não se tem um profissional da área do teatro - mas também na arte produzida para a escola. Existe um certa formatação dos trabalhos que circulam em comunidade escolar, um molde tradicional que impossibilita muitas vezes as crianças e jovens a terem acesso as atualizações das artes da cena. Vou citar como exemplo o formato do espaço teatral, que há muito tempo já se apresenta em diferentes propostas do formato italiano, tais como: arena, semiarena, sanduíche, itinerante; e os espaços alternativos, como por exemplo, casas abandonadas, barcos, igrejas, galpões etc. As experiências estéticas no campo das artes da cena sofreram inúmeras transformações, mas estas mudanças pouco chegam as escolas, quando muito na teoria. E isso afeta a recepção das estudantes, que ficam condicionadas a ver um único formato de espetáculo.


Neste sentido a peça O Outro Lado da Ponte, do grupo Detalhe Teatro, é uma das poucas exceções circulando nas nossas escola blumenauenses. A peça acontece com o público disposto no formato sanduíche e a história é contada com uma efetiva participação das/os espectadoras/es, que justifica a disposição do espaço cênico. Gradualmente, Zanza França e Roberto Morauer vão construindo uma relação de aproximação afetiva com as pessoas da plateia, envolvendo-as na narrativa. Nós do público passamos a ser parte da cena, podemos nos contemplar, fazemos parte de povos distintos e colaboramos para que os conflitos sejam resolvidos.


Expor a participação do público é sempre um trabalho de sutiliza e muita sensibilidade, aqui sentimos que o grupo fez isso com muita sabedoria e afeto, as/os espectadoras/es foram participando de maneira mais efetiva, voluntaria e espontaneamente.





Como procedimento de mediação pós espetáculo, fizemos uma conversa que partiu da seguinte provocação, perguntei qual imagem do espetáculo cada pessoa levaria consigo. Como mediadora deixei a palavra aberta para as vozes das espectadoras/es, pois a mediação pós espetáculo deve ser um espaço das/os artistas espetadoras/es, visto que as artistas propositoras já tiveram seu espaço de fala. Muitos compartilhamentos foram relatados e desdobrados a partir desta pergunta, mas uma imagem que ficou para muita gente - por motivos variados - foi este abraço entre as artistas do espetáculo...



E assim seguimos para o segundo Programa de Mediação Teatral, abrindo espaço/tempo para que as espectadoras(es)-docentes e do público em geral tenham seu lugar de fala e criação.


Espetáculo: O Outro Lado da Ponte

Grupo: Detalhe Teatro

Sinopse: Em cena um ator e uma atriz contam a história de um rio, uma ponte e dois povos.

Do lado de Guimbuta, os Guimbutões tinham fartura de água e pouca comida. Do lado de Bronzinia, os Brônicos tinham fartura de comida e pouquíssima água. Negociavam e trocavam através do rio e dos tempos. Em algum momento da história desses povos algo mudou.

Mais informações sobre o espetáculo clique aqui

Registro Fotográfico: Sabrina Marthendal




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